Publicado por Ligia Kas
02/02/2023 2:47 PM
Quando falamos em representatividade masculina no balé, podemos falar do jovem Jonathan Batista, 31 anos. O carioca que teve uma infância sem privilégios, conquistou grandes espaços no mundo a partir de uma oportunidade de uma bolsa de estudos que possibilitou ao artista mostrar ao mundo seu talento. Atualmente ele se prepara para estrear em “Giselle” que é uma obra romântica de 1841, considerado um dos balés mais importantes da era romântica.
“É uma obra com bastantes desafios, pois há uma grande parte artística que carrega e conta toda a história do balé, e a parte técnica, que faz com que o papel dance no segundo ato sem pausa. Este trabalho é de suma importância para minha jornada como artista, bailarino e pessoa. É mais que um sonho a ser realizado e conquistado com bastante trabalho árduo e fé que um dia eu chegaria até aqui” declara Batista.
O artista também fala os desafios para conseguir conquistar o personagem durante a sua jornada como bailarino.
“Este é um personagem de um homem nobre, e é um papel que muitos diretores me falaram que não era adequado para mim, não encaixava com a minha aparência, justamente por ser um bailarino negro, e hoje estou prestes a realizar este sonho. Eu sabia que um dia este sonho chegaria, e este momento será muito especial, pois estarei informando uma geração de bailarinos e líderes da dança que é sim possível para um homem negro/preto retinto tornar-se protagonistas de histórias de balés clássicos e românticos. É possível você tornar-se um bailarino profissional, ingressar o corpo de baile, ser um solista, e até mesmo chegar à posição de bailarino principal”, relata.
O bailarino ainda relembra sua inspiração para chegar ao lugar que ocupa hoje no cenário mundial da dança.
“Ainda lembro quando eu vi Carlos Acosta pela primeira vez no Royal Ballet, e foi a partir daquele dia, que comecei a sonhar, e hoje percebo que aquele momento influenciou a minha jornada, e o bailarino que me torno a cada dia.”
Batista que também é militante de pautas raciais, sobretudo no universo do balé que ainda enfrenta resistências das pessoas ao incentivarem homens na dança, exalta o fato de dividir o palco também com outros bailarinos negros.
“É preciso representatividade para você entender que é possível chegar naquele lugar que você mais deseja, e pela primeira vez em minha carreira, estarei compartilhando a cena com bailarinos negros/pretos, uma delas fará um papel principal, e outros farão papéis coadjuvantes e parte do corpo de baile.”
O bailarino se apresentará no dia 10 de fevereiro às 19:30h no teatro McCaw Hal, na cidade de Seattle (EUA).
Publicado por Ligia Kas
02/02/2023 2:47 PM
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